Um estudo sugere que os morcegos são um reservatório subestimado de arenavírus
Em um estudo recente publicado na revista Emerging Infectious Diseases do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA, uma equipe de pesquisadores relatou a detecção de ácido ribonucleico (RNA) de arenavírus em várias espécies de morcegos amostradas no Brasil entre 2007 e 2011. Aprendizagem: Arenavírus altamente diversos em morcegos neotropicais, Brasil. Crédito da foto: Kateryna Kon/Shutterstock Antecedentes Dos quatro gêneros da família de vírus Arenaviridae, Mammarenavirus é o único gênero que infecta mamíferos. O gênero é dividido em arenavírus do Novo Mundo e no sorocomplexo vírus coriomeningite-Lassa, que estão distribuídos em todo o mundo. Alguns arenavírus do Novo Mundo, como os vírus Junin, Chapare, Guanarito, Machupo e Sabia, causam em humanos...

Um estudo sugere que os morcegos são um reservatório subestimado de arenavírus
Em um estudo recente publicado na revista dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA. Doenças infecciosas emergentes uma equipe de pesquisadores relatou a detecção de ácido ribonucleico (RNA) de arenavírus em várias espécies de morcegos amostradas no Brasil entre 2007 e 2011.

Lernen: Sehr unterschiedliche Arenaviren in neotropischen Fledermäusen, Brasilien. Bildnachweis: Kateryna Kon/Shutterstock
fundo
Dos quatro gêneros da família de vírus Arenaviridae, Mammarenavirus é o único gênero que infecta mamíferos. O gênero é dividido em arenavírus do Novo Mundo e no sorocomplexo vírus coriomeningite-Lassa, que estão distribuídos em todo o mundo. Alguns arenavírus do Novo Mundo, como os vírus Junin, Chapare, Guanarito, Machupo e Sabia, causam febre hemorrágica em humanos.
Embora os arenavírus patogênicos sejam geralmente transmitidos aos humanos por meio de roedores infectados, o Tacaribe mammarynavirus, que é encontrado em morcegos e não é infeccioso para os humanos, é conhecido por causar sintomas semelhantes aos da gripe. Embora se saiba que os morcegos abrigam vírus zoonóticos, há evidências epidemiológicas limitadas da associação entre morcegos e arenavírus, consistindo principalmente em um único vírus isolado e infecções experimentais em morcegos.
Contudo, como o vírus Tacaribe pertence ao mesmo grupo dos vírus causadores da febre hemorrágica, que também apresentam evasão imunológica e tropismo celular, não pode ser excluída a possibilidade de infecções graves causadas pelo vírus Tacaribe.
Sobre estudar
No presente estudo, os pesquisadores coletaram amostras de morcegos do sudeste do Brasil e analisaram tecidos de baço, pulmão, intestino, rim e fígado a partir das amostras. Eles coletaram um total de 1.047 morcegos de 32 espécies e analisaram 3.670 amostras de tecidos. Para detectar o RNA do arenavírus, eles realizaram a reação em cadeia da polimerase com transcrição reversa (RT-PCR) com primers modificados para amplificar sequências parciais do gene da RNA polimerase dependente de RNA dos arenavírus do Novo Mundo.
Além disso, eles usaram sequenciamento profundo baseado em Illumina para obter sequências completas de codificação de arenavírus de duas das espécies de morcegos coletadas. As sequências obtidas por RT-PCR e as sequências codificantes completas foram utilizadas para análises filogenéticas e para determinar as distâncias homogêneas das sequências.
Resultados
Os resultados mostraram RNA de arenavírus de 1,62% (17 de 1.047) dos morcegos examinados, pertencentes a três espécies - um Artibeus planirostris, quatro Artibeus lituratus e 12 Carollia perspicillata. Os vírus das duas espécies de Artibeus foram identificados como Tacaribe mammarenavirus, enquanto o vírus detectado nas 12 amostras de Carollia perspicillata foi identificado como uma nova espécie, que os autores denominaram Tietê mammarenavirus.
Todas as amostras foram coletadas em áreas florestais e urbanas num raio de 60 km uma da outra, indicando um possível reservatório viral em morcegos da região. Níveis semelhantes de vírus foram encontrados em tecidos do baço e do pulmão, sugerindo uma infecção sistêmica. A maior concentração de arenavírus foi encontrada em amostra de tecido intestinal, sugerindo excreção viral entérica.
A reconstrução filogenética baseada nas sequências parciais do gene da RNA polimerase dependente de RNA revelou dois clados de arenavírus do Novo Mundo no Brasil. Os arenavírus das duas espécies de Artibeus formaram um clado, enquanto as sequências das amostras de Carollia perspicillata formaram outro clado. As sequências codificantes completas mostraram uma organização genômica idêntica a outros mammarenavírus e formaram um grupo monofilético com o vírus Tacaribe que foi bem suportado.
A árvore de máxima verossimilhança utilizando os genes completos para grandes segmentos recuperou todo o clado contendo o vírus Tacaribe e sequências do Brasil como irmão dos arenavírus Junin e Machupo do Novo Mundo.
No entanto, a análise filogenética utilizando os genes completos de pequenos segmentos mostrou uma relação irmã entre o vírus Ocozocoautla de Espinosa e o clado contendo as sequências brasileiras e as sequências do vírus Tacaribe.
Acredita-se que o vírus Ocozocoautla de Espinosa tenha causado um surto de febre hemorrágica no México. Além disso, as análises de recombinação e as distâncias das sequências não indicaram eventos de recombinação.
A avaliação taxonômica das novas espécies de vírus das amostras de Carollia perspicillata foi baseada em comparações de sequências pareadas com o vírus Tacaribe, mostrando uma identidade de sequência nucleotídica inferior a 80% e uma identidade de aminoácidos da proteína do nucleocapsídeo de 88,6% a 90% e a presença de um hospedeiro distinto. A espécie recebeu o nome de um rio próximo ao local de amostragem.
Conclusões
Em resumo, o estudo examinou espécies de morcegos coletadas no sudoeste do Brasil quanto à presença de RNA de arenavírus usando métodos de amplificação de sequência. Os resultados mostraram a presença de RNA de arenavírus de três espécies de morcegos, representando 1,62% do tamanho total da amostra.
As análises filogenéticas revelaram que os arenavírus detectados nas amostras de morcegos estão intimamente relacionados ao vírus Tacaribe, um arenavírus do Novo Mundo encontrado em morcegos. Um dos arenavírus detectados é uma espécie nova e foi batizado de Tietê Mammarenavirus.
Embora os arenavírus do Novo Mundo sejam geralmente encontrados em roedores, os resultados deste estudo sugerem que os morcegos podem ser reservatórios de arenavírus e precisam ser mais explorados.
Referência:
- Góes LGB, Fischer C, Campos ACA, de Carvalho C, Moreira-Soto A, Ambar G, et al. (2022) Hochgradig vielfältige Arenaviren in neotropischen Fledermäusen, Brasilien. Neu auftretende Infektionskrankheiten. doi: https://doi.org/10.3201/eid2812.220980 https://wwwnc.cdc.gov/eid/article/28/12/22-0980_article
.